EDITORIAL – MARÇO 2002

 

 

Alguns de vocês podem estar se perguntando o que está acontecendo que nosso jornal está demorando e, para esclarecer dúvidas, já vou logo dizendo que está realmente atrasado. Acontece que o nosso Editor Chefe, o Eduardo Hilton, está fazendo seu mestrado em Engenharia Aeronáutica no ITA e isto tem consumido um bocado do seu pouco tempo disponível. Isto fez com que sobrassem mais coisas para o meu lado, que também anda apertado, e aí….o nosso jornal está saindo com atraso….

Fomos convidados para participar das comemorações dos 50 anos da Esquadrilha da Fumaça, que acontecerão entre 16 e 20 de maio próximos. Este convite é muito significativo pelo que ele representa em termos de confraternização da comunidade daqueles que gostam/participam de atividades aviatórias. Principalmente vindo de quem vem. Por isto faço aqui um apelo a todos que puderem comparecer, para que o façam. Tenho certeza de que ficarão regiamente gratificados. Estendo este apelo de maneira especial àqueles que puderem levar suas aeronaves. A organização do evento está particularmente interessada em contar com a presença de aeronaves experimentais e já colocou à disposição dos que puderem comparecer combustível para o translado, e apoio de hospedagem e alimentação. Aqueles que precisarem de mais informações e detalhes, por favor, entrem em contato comigo por e-mail ou telefone.

Estamos incluindo, nesta edição, uma matéria com a cobertura das atividades da Regional de Rio Claro, o que foi possível graças à ajuda do incansável Lídio Bertolini. Realmente, Rio Claro é um exemplo do que pode acontecer em uma comunidade onde existe uma cultura aeronáutica estabelecida (vamos falar mais sobre isto abaixo) e é gratificante ver a contribuição que a Aviação Experimental está dando para manter viva esta cultura.

Enquanto isto a Infraero e o DAESP estão a todo vapor cobrando as tarifas das aeronaves experimentais. O nosso Diretor, e também Diretor do Departamento de Aviação Experimental do Aero Clube de São Paulo, Martin Maien, enviou à Superintendência da Infraero no Campo de Marte uma correspondência, cujo teor divulgamos mais abaixo, externando algumas preocupações com os efeitos negativos de tal medida. Em sua resposta a Infraero esclareceu de que está agindo de conformidade com o disposto nas Normas estabelecidas pelo DAC. A cobrança de taxas aeroportuárias e de comunicações atinge em cheio, e pesadamente, uma parcela significativa de aerodesporto no Brasil. O irônico nesta história é que muitos aeroportos, onde hoje pagamos para operar, nasceram pelas mãos do aerodesporto e as melhorias que, eventualmente, lhes foram agregadas o foram  para atender  necessidades de outras atividades, de natureza comercial, que por sua vez trouxeram benefícios à região, ou a outros segmentos da aviação, mas que não eram necessárias à prática do aerodesporto. Isto mostra, claramente, o papel importante, muitas vezes fundamental, que o aerodesporto tem no fomento das atividades e da cultura aeronáutica no país. Gostaria de pegar “um gancho ”numa entrevista que o Rui Thomas de Aquino, diretor superintendente da TAM Táxi Aéreo e  presidente da Associação Brasileira de Aviação Geral, deu para a revista Aero Magazine: “ O principal problema da Aviação Geral Brasileira é a falta de cultura aeronáutica “. A prática do aerodesporto, como qualquer prática de natureza semelhante, é basicamente sadia pela qualidade dos valores que ajuda a criar em seus participantes e, na seqüência, pela influencia positiva que desenvolve na sociedade. Da mesma forma, é muito sensível a incentivos e desincentivos que emanam das autoridades governamentais. Ao sancionarem a cobrança de taxas aeroportuárias e de comunicação das aeronaves experimentais, especialmente se considerarmos os níveis de tais taxas na realidade economica do  país,  nossas autoridades  sancionaram, também,  o estabelecimento de pesadas barreiras e desincentivos para o desenvolvimento da nossa incipiente cultura aeronáutica porque não há como dissociar Aviação Experimental, Aerodesporto e Cultura Aeronáutica.O nosso desafio, portanto, consiste em fazer ver nossas autoridades que a aviação como um todo, e também o país, tem mais a perder do que a ganhar, com a implementação da cobrança de tarifas para aeronaves experimentais, nos termos em que foi feita.Em resumo, temos plena consciência de que não podemos nos dar ao luxo de querer subsídios, mas também não podemos,  dentro da nossa realidade, dispensar incentivos. E insistimos que, como qualquer outro bom incentivo, o nosso trás retorno - já comprovado pela História. É uma tarefa complexa e para a qual peço a compreensão e a ajuda  de todos.

 

Damião Lycarião

Duvidas, Sugestões, Esclarecimentos, Reclamações:

( 011 ) - 4214203 (Damião)

(após as 18 horas)

Os que preferirem a Internet mandem seus e-mails para

lycariao@link.com.br (Damião)

eduhilto@prover.com.br (Eduardo)